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O que é Belo.

O que é Belo?

Existe uma confusão habitual entre os termos “harmonia” e “simetria”, no que diz respeito a nosso conceito do que é Belo.

Na natureza, o animal com mais facilidade de reconhecer padrões via a cena com mais velocidade, plenitude e gastando menos energia, isso aumentava suas chances de caçar e de evitar ser caçado (entre outros benefícios óbvios). Esta qualidade de reconhecimento nitidamente positiva para nossa sobrevivência foi uma das características que moldaram nosso conceito do que é Beleza, afinal, simetria nada mais é do que a atestação de um padrão.

Aliado a isso, soma-se o fato de que quanto mais simétricas forem as partes correlatas de um mesmo espécime, maior será sua probabilidade de ser saudável.
Esta impressão, obtida através da seleção natural, é o segundo fator que nos faz pensar que simetria e beleza são a mesma coisa.

Pois bem, se eu pintar um rosto totalmente simétrico não terei nada mais do que um pintura modorrenta e sem apelo. Quando se pinta um lado do rosto idêntico ao outro, o espectador que viu um dos lados não será surpreendido pelo lado oposto, que nada terá a acrescentar a visão. Aquele que vê tal imagem irá seguir em frente sem sobressalto algum, sem gasto de atenção, assim como o animal que ao reconhecer um padrão, segue sua vida evitando gasta-la.
Por isso, é possível afirmar que na Arte a simetria nada mais é do que um recurso vulgar para tentar emular a Beleza.

É aí que entra a Harmonia, um conceito muito mais complexo e de difícil alcance.
A Harmonia, embora necessite sempre ser lógica, nunca se apresenta de modo óbvio. Na grande maioria das vezes, para que ela floresça é preciso que exista o Contraste, ou seja, uma espécie de “antisimetria”, um movimento onde forças antagonistas se sobressaiam exatamente pelo fato de estarem ao lado de seus polos opostos.

É daí que vem a velha máxima de que “não existiria Luz se não houvesse a Escuridão”, é a partir deste conceito que obras como a Monalisa puderam nascer, onde um lado do rosto é de modo extremamente sutil, oposto ao outro, gerando o icônico sorriso “enigmático” daquela pintura.

Logo, um pintor nunca deve recorrer a Simetria, pois sua lógica se enfraquece quando saímos do mundo real e adentramos ao mundo simbólico. É a Harmonia a única verdade do pintor, a quem ele deve perseguir, quanto maior for sua intensidade e sutileza, mais potente será a obra.
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