Meu sangue é mais lento do que eu, quando levanto ele se esquece de me acompanhar, chega depois. Me deixa sempre, ali, branco por um tempo.
Tenho um sangue mais preguiçoso do que o cérebro. Talvez ele esteja querendo me dar algum recado, “tá com pressa do que?” “vai para onde?”.
Meu cotovelo resolveu me fazer visitas, agora dia sim, dia não, ele me dá bom dia. Preferia quando ele não existia. As coisas do corpo só existem por dois motivos, dor ou prazer. O cotovelo deve estar ciumento. Tarefa difícil a dele, nunca sentiu prazer, não à toa vive seco.
Interessante pensar que a secura é o sintoma de tudo aquilo que não é vida. Algo seco não pode ser nem sequer nojento. Há vida em tudo aquilo que é molhado, e tudo o que é molhado é íntimo, flerta com o nojo e com o tesão.