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Elementor #658

Sexta-feira, 14h50

Começo a perceber que não sou capaz de absorver sensações simultâneas, o cão ladra no sol forte, mas eu só percebo o som, não o calor.

Há algo de importante na hierarquia das coisas, algo não resolvido, não importa o quanto eu queira, eu nunca posso escolher a ordem que percebo o mundo.

A relação com uma pintura é óbvia, a quantidade de variáveis são inúmeras: composição, tema, cor, valor, saturação, temperatura, textura, dimensão. Como escolher, como ordenar?

Talvez eu precise de menos controle, afinal, toda vez que busco controlar as sensações, eu crio algo de artificial nelas, algo de induzido.

É preciso pensar menos, começar a conversar na língua das cores e das formas. Parar de decodificar o sentimento. Cada vez que eu decodifico ele perde um pouco de sua essência na tradução. Mais do que dizer eu te amo, é preciso amar.

Itu tem um céu azul lavado, como todo lugar de sol no brasil, as cores perdem sua intensidade mediante a luz tão forte. Tudo é prata, tudo é azul. Nos Brasil quente é preciso ser escultórico, caso contrário as formas deixam de existir, a saturação das coisas aqui é esmagada pela luz.

As cores são preguiçosas por aqui.
  

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